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sábado, 26 de maio de 2012
As Tecnologias da Informação e Comunicação e a Educação - Elisa Maria Quartiero
Grandes transformações no processo de aprendizagem!
Colocaria que o maior "salto" relacionado a tecnologia da informação e inteiramente ligado a educação é do livro impresso para o livro on-line; jornais, livros e revistas agora acessados por um clique e estamos com a informação em nossos dedos em segundos no computador de nossa casa, assim como a acessibilidade está dentro do transporte publico através do nosso tablet ou até mesmo do celular muitos um verdadeiro computador de bolso.
Os recursos de multimídia entrou nas escolas, com a busca da qualidade através das Tecnologias da Informação; conquistando crianças, adolescentes e adultos. Escolas se adequando a novas realidades e docentes, e consequentemente gerações da antiga máquina de escrever !
O Mundo Virtual em nossas Mãos !!!!
Abraços....
terça-feira, 15 de maio de 2012
Gaiolas e asas - Rubem Alves
Os
pensamentos chegam-me de um modo inesperado, sob a forma de aforismos. Fico
feliz porque sei que, frequentemente, também Lichtenberg, William Blake e
Nietzsche eram atacados por eles. Digo atacados porque eles surgem repentinamente, sem preparo, com a força de um raio.
Os aforismos são visões: fazem ver, sem explicar. Pois ontem, de repente, este
aforismo atacou-me: Há
escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que
os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob
controlo. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros
engaiolados têm sempre um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos
pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que
elas amam são os pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para
voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro
dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Esse simples aforismo nasceu de um
sofrimento: sofri, conversando com professores em escolas. O que eles contam
são relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas,
ameaças… E eles, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a
burocracia determina que sejam feitas, como dar o programa, fazer avaliações…
Ouvindo os seus relatos, vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes
arreganhados, garras à mostra – e os domadores com os seus chicotes, fazendo
ameaças fracas demais para a força dos tigres.
Sentir alegria ao sair de casa para ir à
escola? Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O sonho é livrar-se de tudo
aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que
os fecha com os tigres. Violento, o pássaro que luta contra os arames da
gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende? Violentos, os
adolescentes? Ou serão as escolas que são violentas?
As escolas serão gaiolas? Vão falar-me da
necessidade das escolas dizendo que os adolescentes precisam de ser educados
para melhorarem de vida. De acordo. É preciso que os adolescentes, que todos
tenham uma boa educação. Uma boa educação abre os caminhos de uma vida melhor.
Mas eu pergunto: as nossas escolas estão a dar uma boa educação? O que é uma
boa educação? O que os burocratas pressupõem sem pensar é que os alunos ficam
com uma boa educação se aprendem os conteúdos dos programas oficiais. E, para
testar a qualidade da educação, criam mecanismos, provas e avaliações,
acrescidos dos novos exames elaborados pelo Ministério da Educação.
Mas
será mesmo? Será que a aprendizagem dos programas oficiais se identifica com o
ideal de uma boa educação? Sabe o que é um “dígrafo”? E conhece os usos da partícula
“se”? E o nome das enzimas que entram na digestão? E o sujeito da frase
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado
retumbante”? Qual é a utilidade da palavra “mesóclise”? Pobres professores,
também engaiolados… São obrigados a ensinar o que os programas mandam, sabendo
que é inútil. Isso é um hábito velho das escolas. Bruno Bettelheim relata a sua
experiência com as escolas: Fui
forçado (!) a estudar o que os professores decidiam que eu deveria aprender. E
aprender à sua maneira.
O
sujeito da educação é o corpo, porque é nele que está a vida. É o corpo que
quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens. A inteligência é um
instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver. Nietzsche dizia que a
inteligência era a ferramenta e o brinquedo do corpo, Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender ferramentas, aprender brinquedos. As ferramentas são
conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia-a-dia. Os brinquedos são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como
ferramentas, dão prazer e alegria à alma.
Nessas
duas palavras, ferramentas e brinquedos, estão o resumo da educação. Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. As ferramentas permitem-me
voar pelos caminhos do mundo. Os brinquedos permitem-me voar pelos caminhos da alma. Quem está a aprender ferramentas e brinquedos está a aprender liberdade, não fica violento. Fica alegre, ao ver as
asas crescer… Assim todo o professor, ao ensinar, deveria perguntar-se: Isso que vou ensinar, é
ferramenta? É brinquedo? Se
não for, é melhor pôr de parte. As estatísticas oficiais anunciam o aumento das
escolas e o aumento dos alunos matriculados. Esses dados não me dizem nada. Não
me dizem se as escolas são gaiolas ou asas.
Mas eu sei que há
professores que amam o voo dos seus alunos.
Há esperança…
Há esperança…
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